domingo, 17 de fevereiro de 2008

A janela

De madrugada começavam a escutar-se os primeiros passos. As pernas pesadas. O corpo arrastado. Lá para fora, espreitava-se o rio. O horizonte do futuro. Intocado. A recordação do dia seguinte. A fuga nas mãos. Na noite cega dos caminhos do sonho. Onde tudo se transforma. Onde a memória é doce, e guarda no colo as feridas, que em sangue lhe escapam por entre as pernas. Depois, tudo é sorriso e brandura. O olhar escapa-se sempre pela janela. Mesmo quando o corpo se retrai na clausura dos passos arrastados das madrugadas arrancadas à morte.


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